Descontrole

Nesse final de semana aconteceu uma coisa surreal na minha vida. Eu agredi alguém fisicamente. Não sou do tipo de pessoa agressiva, nunca fui. Pra não falar que nunca bati em ninguém eu bati no meu primo uma vez porque ele quebrou minha boneca, mas isso foi em 1990 mais ou menos. Sempre odiei violência e nem sei brigar, sou do tipo que chora ao invés de dar um tapa, mas no sábado, dei um tapa.

Resumidamente foi assim, uma menina achou que eu tava dando em cima do namorado dela, porque eu pedi o isqueiro emprestado:
1º Eu não daria em cima de ninguém acompanhado
2º Se por acaso eu desse, ela não perceberia
3º Ele não se parecia com o Gianecchini, mas nem no branco dos olhos, inclusive, era horroroso.
Daí, a louca da namorada do Batoré (vamos chama-lo assim) veio tirar satisfação e rolou esse diálogo, vamos chamá-la de Feia:

Feia: Oi querida, ele ta acompanhado.
Eu: Jura? Fui só pedir o isqueiro.
Feia: Ele nem fuma.
Eu: Como nem fuma? ele pediu meu isqueiro a noite toda, como meu isqueiro sumiu achei que podia estar com ele.
Feia: Você num se toca, sua gorda, ele tá comigo.

Num dia que eu estivesse normal, a conversa teria parado ai, eu teria lançado um:
- Ahãm Claudia, senta lá!
E teria ido embora, mas só que eu continuei

Eu: Sou gorda e você ta morrendo de medo de perder ele pra mim, por isso que ta com ciuminho né? Só que querida, você também é gorda, e feia. Se toca você, eu lá quero esse namoradinho horroroso.
Feia: Se toca, parece que ta grávida.

Foi ai que ela levou o primeiro tapa. Depois disso nem sei contar direito, porque a adrenalina foi tanta, só sei que chamei ela de vaca pra baixo, chutei ela, meus amigos separaram, o Batoré fez cara de “mano, que eu faço?” minha amiga deu um murro nela e me tiraram do bar.

Eu já tive motivos muito maiores pra bater em alguém e nunca bati. Refletindo depois, o porque dessa menina ter me tirado tão do sério percebi que, naquele dia tudo que eu menos precisava era de alguém me falando, se eu sou feia ou não, gorda ou não, legal ou não. Eu só queria encher a cara. Minha semana foi muito difícil, minha mãe esta com alguns probleminhas de saúde, aconteceu aquilo tudo com o Zé, não durmo desde quinta, estou tendo provas na faculdade, me sentindo sozinha, triste e daí vem uma vaca e quer acabar com minha noite?

Aqui não linda, aqui é Palmeiras, toma essa. E sabe, ela era gorda também, e feia, e usava uma faixa branca na cabeça. Se fosse a Gisele, provavelmente eu teria mesmo dado em cima do Tom e choraria quando ela me chamasse de gorda. Mas ela num era a Gisele.

No domingo, acordei arrasada. Num faz parte de mim isso, eu não sou assim. Num entendi o motivo do meu descontrole, entender eu até entendi, mas não aceitei. Provavelmente eu nunca mais vou bater em ninguém. Não gostei, não me fez bem e também não fez bem pros meus amigos que estavam comigo, que inclusive quero pedir desculpas. Mas me lembrei que na sexta feira, vendo uma reportagem sobre as Frenéticas, uma amiga minha me perguntou:
- Será que um dia a gente vai ter tanta história assim pra contar?

É Van, claro que vamos. E ó, nem estraguei minha unha!

Tha!