quarta-feira, 27 de julho de 2011

Nonnas!

Ontem foi dia dos avós e me lembrei muito das minhas avós. Sou filha temporã e quando nasci meus dois avôs, João e Pedro, já haviam falecido. Sei muita história deles, principalmente do meu avô João que era conhecido por ser “o melhor homem do mundo” todo mundo que o conheceu diz que ele era muito amoroso, muito bom e incapaz de sentir ódio, mágoa ou algum sentimento desse tipo.  Uma pena não ter convivido com ele, talvez eu fosse mais tolerante.

Mas quero mesmo é falar de minhas avós, que convivi bastante, Antonia e Helena. Elas eram muito diferentes uma da outra, muito. Minha avó por parte de pai era aquela avó típica, cozinhava maravilhas, conto pra todo mundo do pudim de leite dela, contava história, gordinha de óculos, sabe? Aquela avó fofa? Era ela. Mentia pros nossos pais quando eu e meus primos aprontávamos:

- Mãe, quem quebrou o vaso? A Thais, a Renata ou o Paulinho?
-Que vaso?
- Esse aqui da senhora?
- Ah, nem vi. Deve ter sido o gato!
E dava uma piscadinha pra gente.

Quando tinha jogo do Palmeiras o encontro era na casa dela. Se fosse domingo e o jogo era no Palestra ela colocava a camiseta em todos os netos, prendia o cabelo das meninas, colocava boné nos meninos e benzia todo mundo. Ah, e outra coisa que ela era ótima era pra fazer curativo, a gente se machucava e ela vinha com uma caixinha de primeiros socorros e enquanto fazia o curativo contava alguma história que o machucado parava de doer na hora. A única coisa que ela não deixava a gente desobedecer era na hora de almoçar. Todo mundo sentado na mesa, ela servia todos, filhos, noras e netos e se servia por último, mas ninguém podia sair da mesa enquanto ela não acabasse de comer. Ela era do signo que mais pode representar uma avó, canceriana legítima. Essa era minha vó Antonia, um doce italiano.
essa é minha Vó Antonia e esse japonês minúsculo no colo dela sou eu.

E tinha minha avó Helena, que teve a sorte de ser casada com o “melhor homem do mundo”. Ela falava isso sempre, pra todo mundo:
- Meu João foi o melhor homem do mundo, melhor marido, melhor pai, melhor filho, e não to falando isso porque casei com ele não, todo mundo sabe, pode perguntar pra quem você quiser.
Minha avó Helena, diferente da minha avó Antonia, não cozinhava bem, pelo contrário, a comida dela era horrível. Ela fazia uma canja aguada, um omelete oleoso, uma arroz queimado, juro, ela queimava o arroz. Quando eu e meus primos ficávamos sobre a responsabilidade dela o almoço era batida de abacate, suco de groselha e panetonne de sobremesa.

Mas ela era muito engraçada, muito. Leonina, de personalidade forte, não gostava que ninguém mandasse nela, contava as mesmas histórias várias vezes, adorava cachorros e tinha uma particularidade engraçada, todo dia tomava 1 litro de leite e uma latinha de cerveja. Todos os dias. Hoje eu acho que ela devia ter tomado 4 latinhas de cerveja e um copo de leite que ia ficar mais engraçada ainda. A minha avó Helena era muito carinhosa, mas de um jeito diferente, não era de fazer carinho, o carinho dela era ensinar a dançar, cantar, contar piada e dar um beijo bem devagarzinho enquanto a gente tava dormindo. Mas ela era bem brava, ainda mais se alguém mexesse com um filho ou neto dela, ah, ai sim, virava uma leoa. Falava palavrão descontrolada, palavrão era vírgula pra ela. Falava uns em italiano pra gente não entender mas de tanto ouvir aprendi que coisa boa não era, cazzo! E não, ela não falava, ela gritava. Mas rezava também, rezava pra todo mundo. Era só você ir uma única vez na casa dela pra entrar pro grupo de pessoas pra quem ela rezava. E ela rezava e contava, como se tivesse fazendo um favor em rezar pra você, encontrava alguém na rua e falava:

- Oi Maria, como ta sua mãe? Fala pra ela que tenho rezado pra ela viu, tchau, vai com Deus.

E você acha que ela ficava pra escutar a resposta da Maria de como a mãe dela tava? Ficava nada, pra que também, ela já tava rezando pra velha né? Tava bom! Minha avó e Deus era parceiros.

E ria, ah como minha avó Helena ria. É o que eu sinto mais falta nela.
Essa é a Vó Helena em Mongaguá, onde passávamos as férias de verão.

Se um dia eu for para os meus netos que ainda vou ter, metade do que elas foram pra mim, meus netos vão ter a melhor avó do mundo. Vó To, Vó Lena amo muito vocês, meus anjos da guarda, saudade!

Tha!

7 comentários:

Xapa disse...

Nossa...me veio na hora a imagem da vó Helena com os cachorros em baixo da perna dela...e a perninha dela com as meias e o chinelinho! ehehehe

HablandoMás disse...

ahhhh fofa ela era né, xapa? que saudade!
tha!

HablandoMás disse...

Que post mais lindo Tha!
Escreveu tão bem que no fim até parece que eu às conheçi também. Parabéns!
Beijosss.

Cidão.

Mari Siroky disse...

Miga, inesquecivel a Vó Helena de toquinha e meia tomando ventinho e sol no portão! Levava a Kika passear e eu não sei qual das duas ficava mais feliz qdo se viam! Certeza que elas se encontraram novamente e foi aquela festa :)

Luciana disse...

Saudades da minha vó...q sorte a sua ter vários momentos com 2 vós.

HablandoMás disse...

<3
xapa, vc viu que eu tb era japonesa?

ah cidão, vc ia adorar minha vó
helena, ia rir muito com ela!

é mesmo né mari, ela amava a kika, amava todos os cachorros! sorri quando imaginei ela e a kika se encontrando lá em cima!

ah lu, depois conta um pouquinho da sua vó pra gente!

beijos Tha!

jp disse...

Poxa não tive o prazer de conhecer pessoalmente, se bem que ela jah participou de algumas partidas de truco com a gente neh....devem ter sido otimas, e te dado otimas influencias! Adorei conhecer um pouco mais delas e de vocÊ!