Sempre fui uma pessoa com a imaginação fértil e depois de me formar como roteirista isso só aumentou. Sempre fiquei, por exemplo, sentada no metro, olhando pra cara de uma mulher e pensando: essa ai tem cara de secretária de consultório médico, deve ser separada, tem dois filhos e voltou a morar com a mãe que ta meio doente, com diabete. Sabe assim? Uma grande loucura. Sempre inventei histórias para pessoas desconhecidas. Fiz delas protagonistas de uma novela com começo, meio e fim.
Daí ultimamente entrei numa nóia de olhar para as pessoas nas ruas e ficar imaginando se elas são felizes. Passa um cara de terno, fone de ouvido, como passo rápido e penso: será que ele é feliz? E tem sido assim com todo mundo. E pior que tenho dado desculpas pra mim de porque a pessoa não tem cara de feliz. E daí passa uma mulher, falando no celular, com cara de brava e casaco rosa e eu penso: será que ela é feliz? Vai ver é, só ta brava. Não, ela não é, ela tem cara de que não é feliz. Mas vai saber, as vezes é só uma fase.
Pensei pracaraleo nisso e cheguei a conclusão que existem pessoas que tem mais disposição para serem felizes, pessoas que querem muito ser feliz e fazem isso acontecer, mesmo com pressa, bravos ou até com um casaco rosa. E acho sim que felicidade é estado de espírito. E como se manter com esse estado de espírito. Eu sei lá, mas sei quem sabe. Os adolescentes. Pelo menos foram os únicos que não tive dúvida quando me perguntei se eram felizes. Eles podem ser nerd, cabeçudo, patricinha, emo ou qualquer outra coisa, mas ele sempre vai ter um amiguinho (por pior que seja) que vai faze-lo rir. E os adolescestes riem pra cima, sabe assim? Ri de feliz mesmo. Por mais que essa fase possa ser de muitos conflitos e muitos momentos de desespero eles continuam rindo, e acho que eles riem disso mesmo, da merda que é ser um adolescente. Vou acordar a adolescente que mora aqui dentro de mim. Que não era medrosa, que ria alto e ria da própria vida.
*o título é um trecho da música "20 e poucos anos" do Fábior Júnior, "só quero dessa vida é ser feliz. Eu não abro mão, nem por você, nem por ninguém, eu me desfaço dos meus planos, quero saber bem mais que os meus vinte e poucos anos"
Tha!
quarta-feira, 7 de abril de 2010
sexta-feira, 2 de abril de 2010
No Meu Tempo...
Faz parte da nossa espécie ser saudosista, é só prestar atenção que você percebe em mil discursos por aí gente de todas as idades sentindo saudades dos "seus tempos". Algo nesta história me incomoda, me assusto ao ouvir alguém de 16 anos falando, "no meu tempo", acho que meu pai deve se assustar também se eu disser que "no meu tempo" alguma coisa era diferente.
A verdade é que ninguém assume o presente como "seu tempo". E quem vai assumir?
Hoje - feriado - de manhã - acordado pela empolgação da minha vizinha lavando a casa toda com a "Wap" nova, minha mãe se aproveitou do meu estado "sonado" e me convenceu de ir com ela à feira. Imaginando minha feira dos sonhos com muitas barracas de caldo de cana e pastel, uma ou outra com uns tomates, alfaces, bananas e laranjas (barraca de peixe não vai no sonho) ainda meio em estado de transe/sono, fiz a cagada de aceitar.
E mano, fazer feira com a mãe é um programa muito irritante! E como elas andam né? E vão e voltam a feira inteira umas 5 vezes, e aí quando você desencana de acompanhar, ela grita de longe:
"- FILHO VOCÊ VAI QUERER LEVAR ABACATE?"
Eu só pensei que seria mais feliz se estivesse acompanhado de um hamburguer ao invés da minha mãe naquela hora, claro.
Nada de caldo de cana viu, o cara não foi, devia estar lá mijando na mesma praia que você tava!
Mas no meu tempo ele estava sempre lá.... e digo mais, no meu tempo os feirantes não eram tão marrentos não. Achei a gritaria mais agressiva, uma coisa meio gueto, uns gritos meio do mal, LEVAGORATRÊISBACIAPORUMREAL!!!, quase apontando o dedo na sua cara...curti não...
No meu tempo Porto Seguro era outra, Malhação era outra, os desenhos eram outros, as crianças também...
ou não...
.Cidão.
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