quarta-feira, 14 de julho de 2010

autobús, mi infierno en la tierra

E ontem por mais uma vez, eu briguei no ônibus. Não, eu não acho isso bonito, nem sou um adolescente que conta rindo pros amigos que levou advertência. Mas eu realmente me preocupo com minha saúde, com meus nervos (como diria vovó) e com meus dentes.
Mas ó, vou contar. Ontem, voltando do trabalho pra casa entrei num ônibus bem cheio. Bem cheio na frente, pq lá trás tava vazio. Mas é que algum jegue que não anda de ônibus resolveu inventar de colocar uma porta depois da catraca, daí os bonitos ficam tudo parado na merda da porta e não dá pra ninguém passar. Quem pega ônibus sabe da triste realidade da educação brasileira. Ai beleza, entrei no ônibus, toda molhada, puta da vida, cansada e lá fiquei parada esmagada entre o vidro e um senhor. Esse senhor começou a reclamar:

- Que horror esse ônibus lotado, olha, um pisando no outro, ninguém respeita ninguém nessa cidade.

E eu quieta, com meu fone. E o tiozinho continuava:

- Pq é um absurdo eu com essa idade ter que pegar um ônibus assim, olha só, ninguém respeita. Minha filha, vocês deviam ir lá pro fundo!

E olhou pra mim. Daí segue diálogo. Primeiro eu:

- Oi?
- É, vocês deviam passar logo lá pra trás.
- É, a gente ta tentando.
- Pq vocês vão descer por lá, eu vou descer por aqui e tenho que ficar aqui. Mas vocês vão descer por lá, então tem que passar logo pra lá que ta todo mundo esmagado aqui.
- Pois é, eu to tentando ir pra lá, mas ta meio difícil.
- Tentando nada, vocês ficam tudo parado aqui e isso é um desrespeito e eu to todo apertado aqui, tem gente pisando no meu pé e vocês não passam pra lá.
- Mas a gente vai passar, calma.
- Calma nada, olha como ta esse ônibus! Isso é um absurdo, tão me apertando aqui.
- Olha aqui, o senhor acha que eu gosto de estar aqui? Que eu adoro pegar ônibus? Que to achando gostoso estar aqui apertada com o senhor? O senhor acha mesmo que eu gosto? Eu tava trabalhando carai, to cansada, não to aqui por diversão não.
- Ah, vc tava trabalhando? Pois é, eu trabalhei a vida toda, devia ser tratado com mais respeito.
- Ah é? Trabalhou a vida toda? Então pq não esta em casa tomando sopa? Pq não pede pra alguém levantar pro senhor sentar? Que culpa eu tenho que a porra do ônibus ta cheio?
- Eu tenho 70 anos
- E que que eu posso fazer meu senhor, vai, saí da frente.

Daí uma louca desconhecida

- Pq o senhor não vai de táxi?

Daí um louco desconhecido pega no meu ombro, olha nos meus olhos e diz:

- Não adianta ficar brava! Vai ficar discutindo? Ele é um senhor já, e ele ta certo.

Daí eu:

- Oi? Ah é? Agora eu que sou a malvada da história, eu tava quieta e ele vem com esse papo, sabe? Vai todo mundo a merda.

Daí que gente, inacreditavelmente se abriu um espaço pra eu passar, não sei se por causa do vai a merda, por causa da espuma que saia da minha boca, ou pelo constrangimento alheio, só sei que eu passei a catraca, todo mundo me olhando, o velho resmungando baixinho e sei lá como tinha até um lugar pra eu sentar. Sentei e coloquei meu fone de ouvido, como se nada tivesse acontecido. Na hora de descer ainda rolou um:

- Thais? Oi querida, tudo bem? Manda um beijo pra sua mãe.

Só sei que ta chegando a hora de ir embora e to com medo de encontrar o tiozinho no busão.

FIM



Tha!

6 comentários:

Garoto Podre disse...

O pessoal no ônibus é sem noção mesmo, pra que ficar perto da porta q se localiza no meio do ônibus se só vai descer uns 10 pontos lá na frente........tbm odeio isso em SP.
Aqui no interior é diferente, eles são tão sossegados q dão sinal e só q o ônibus para é que levantam para descer.....isso tbm dá raiva, pela demora nos pontos de parada............são tão idiotas qtos os de Sampa!!!

Luciana disse...

Tem que rir pra não chorar.Me encontrei nesse depoimento.

Leila disse...

Nossa Tha! Parece que vc adivinhou! Passei por situação bem parecida hoje. Aquele monte de gente amontoado e fundo lá livre. Aí me irritei e fui pedindo licença com a voz a carinha mais meiga que eu conseguia, enquanto ia passando com tudo, mesmo sem que me dessem licença. E quem me olhava feio eu olhava de volta bem meiga e falava "ai, desculpa, viu. É que lá ta vazio eu eu preciso passar"

Anônimo disse...

Por centenas de vezes tive de me contraolar para não espancar algum FDP em ônibus, metrô... O melhor meio de transporte em SP é a bicicleta. Vai de boa, pela calçada, fone no ouvido. Livre.

Abraço
@edgarmarcel

.Cidão. disse...

Tá na lista ainda de um dos meus maiores problemas, a falta de educação, de bom senso, e de higiene, todo mundo respirando o mesmo ar, vc chega a sentir o hálito dos outros, só isso é desetabilizar qualquer pessoa e sim, sair espumando de raiva.
Mas o pior é não ter o direito de se indignar, chegar em casa molhado, amassado com frio e perguntarem se tá tudo bem. Isso me tira do sério!

Leila disse...

habladores queridos! Mudei o endereço do meu blog... aposentei o cuaderno diário, pois o nome estava um tanto quanto incoerente! agora é: http://sabeselavaisaber.blogspot.com/

bjokas