sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

'eu nasci assim..."

Ontem vi mais uma entrevista com o Laerte. Nos últimos meses com certeza quase todos nós vimos no mínimo uma entrevista com ele. Ele, já mais velho e um dos cartunistas mais respeitados do país se tornou crossdresser e se veste de mulher. Mais isso não tem nada a ver com a gente, só o fato de que ele tem sido muito questionado de o pq dessa mudança, e ele falou uma coisa que compartilho muito, mais ou menos assim, o pior do que as pessoas não quererem mudar é elas acharem que os outros também não podem mudar.

Entra aquele lance de Síndrome da Gabriela, sabe qual é? "eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim..." é muito mais fácil "aceitar" um defeito, um comportamento do que mudar. E a mudança dos outros incomoda né, pq é um tapa na cara da sociedade um homem começar a se vestir de mulher, do dia pra noite. Mas é claro que não foi do dia pra noite, dentro dele existiu um processo e é óbvio que uma mudança.

Pra mim as pessoas que rotulam muito e classificam tudo e todos, tem esse probleminha ai, não sabem lidar com suas próprias mudanças e não aceitam a evolução do outro.

Sabe, tenho um exemplo bem besta, mas há um tempo atrás eu usava o cabelo bem comprido e cortei. Um dia encontrei uma pessoa que falou: Nossa, como seu cabelo ta curto, achei que vc não gostasse de cabelos curtos, sempre usou comprido. Oi? Primeiro, o cabelo é meu, segundo, talvez eu não gostasse mesmo de cabelos curtos, não nos outros, que sempre achei lindo, mas talvez gostasse dos meus compridos. Mas dai um dia cortei. E achei bonito curto. Mudei o cabelo. E tive que dar satisfação sobre isso. Como se eu tivesse obrigação de ser a "Thais do cabelo comprido" pro resto da vida, como se eu não pudesse mudar nunca, só pq talvez um dia eu tenha dito que gostava de meus cabelos compridos.

Quando vc fala alguma coisa, que define seu comportamento, seus gostos, parece que vc tem que manter aquilo pro resto da vida. E eu sou exatamente contraditória a isso. Quero mudar sempre, descobrir nossos gostos, novos jeitos, novas visões, novas pessoas. Acredito que pra evoluir temos que passar por mudanças, aprender. E se um dia eu falei que odeio fulano e na semana seguinte sentei no bar com ele e achei ele super divertido, que que tem? tenho obrigação de odiar ele pra sempre pq um dia não fui com a cara dele? Ah gente, que besteira.

Acho de uma coragem do caralho o Laerte se vestir de mulher, se comportar como uma e usar o feminino pra falar dele próprio: to cansada. Muita coragem de aceitar a mudança dentro dele. Claro que isso gera curiosidade, mas desrespeito pra mim, é coisa de gente invejosa que não aceita as próprias mudanças.

Cuidado, pq se um dia vc escolher a camiseta azul, talvez nunca mais possa gostar da vermelha.


[t]

2 comentários:

Paulo disse...

Ressuscitando esse post "velho"... PERFEITO!

Mari Siroky disse...

Adoro teu jeito de escrever miga...parece que você tá aqui...sentada na minha frente falando, tomando cerveja e fumando um cigarro kkkk
Revolta compartilhada! Bjs!