Eu sempre almoço em um restaurante que tem um garçom super intuitivo. A primeira vez que fui lá, pedi suco de melancia, a partir daí ele intuiu que suco de melancia era meu preferido. E toda vez que eu chegava ele me perguntava se eu queria de melancia e eu aceitava. Até um dia que no meio do salão ele gritou:
- De melancia, linda?
Eu aceitei pq fiquei até com vergonha de mudar de sabor, mas decidi que seria meu último suco de melancia naquele restaurante. No outro dia ele veio, todo sabichão, perguntar se eu queria de melancia, e eu disse que não, queria de tangerina:
- Nossa linda, ai você me confunde, hahaha
Pronto, meu destino estava traçado. Agora eu era a linda do suco de tangerina sem gelo. Hoje cheguei lá e quando sentei minha bunda na mesa apareceu um suco de tangerina sem gelo. Claro que não falei nada, inclusive tava bem gostoso, mas oi, não tenho mais direito de escolher meu suco, ele que escolhe pra mim. E se por acaso eu pedir um dia um de limão, ai que deixo ele louco, e né, eu não posso atrapalhar o trabalho dele.
Daí vim pensando, que loucura essa intimidade que a gente adquire de pessoas que a gente nem conhece né? Pq não to querendo culpa-lo de nada, nem chamar ele de chato, mesmo pq eu chamo ele de querido, e isso que é louco, eu nem sei o nome dele e ele já tem até um história na minha vida.
Outro dia minha mãe tava descendo a rua de casa e o carteiro entregou uma carta pra ela. Olha que coisa, ele nem deve saber minha cara, mas sabe a da minha mãe, sabe que eu moro lá e deu uma carta minha pra ela. Na maior intimidade:
- Oi Dona, toma uma carta da Thais aqui ó, a senhora leva?!
A atendente da locadora me conta todos os filmes e ainda fala:
- Ixi, esse você não vai gostar não, leva esse aqui ó!
Ela sabe mais das minhas preferências de filmes do que muitos amigos meus.
O antigo guardinha da minha rua me dedurava:
- Ah, a Thais não ta não, saiu com aquela amiga dela morena, que tem um gol sabe?
Oi, e se eu não quiser que alguém fique sabendo que eu saí com ela?
É muita intimidade com gente que não é meu íntimo! Me deixa meio louca. E enquanto uns ficam confusos com clientes que mudam toda hora de sabor de suco eu fico confusa de como foi que tudo isso aconteceu e eu nem vi.
Tha!
sexta-feira, 30 de julho de 2010
sexta-feira, 23 de julho de 2010
Quiero ser...
Viernes! (sexta-feira)
O dia tá lindo, ideal pra falar de música, passeio, churrasco e cerveja, mas....
Decidi falar do que incomoda todo mundo de novo, sem intenção de causar apenas refletir.
E acabo de decidir mais uma coisa, não vou falar nada quem vai falar é o Rafael:
É só uma criança que cresceu numa liberdade incrível de se expressar de brincar com terra e de querer ser o homem-aranha, o batman, de querer ser um dinossauro, um tubarão, e de ser negro também!
Uma graça né? Também achei e acredito que muita gente deve ter achado, inclusive o próprio pai que levou a brincadeira numa boa.
Agora os convido a refletir... e se fosse uma criança negra brincando de ser branca, querendo ser branca, como seria a nossa reação como sociedade?
_ Pai cansei de ser negro, quero ser branco!
Como você acha que seria a reação dos pais? E por que?
Você que acha que somos todos iguais, por que encararíamos diferente, e por que a liberdade da criança em questão seria diferente?
É bom isso? E possível que essa criança cresça mesmo acreditando que somos todos iguais?
Já que entramos no assunto, alguns dados:
Espero comentarios de ustedes!
.Cidão.
O dia tá lindo, ideal pra falar de música, passeio, churrasco e cerveja, mas....
Decidi falar do que incomoda todo mundo de novo, sem intenção de causar apenas refletir.
E acabo de decidir mais uma coisa, não vou falar nada quem vai falar é o Rafael:
É só uma criança que cresceu numa liberdade incrível de se expressar de brincar com terra e de querer ser o homem-aranha, o batman, de querer ser um dinossauro, um tubarão, e de ser negro também!
Uma graça né? Também achei e acredito que muita gente deve ter achado, inclusive o próprio pai que levou a brincadeira numa boa.
Agora os convido a refletir... e se fosse uma criança negra brincando de ser branca, querendo ser branca, como seria a nossa reação como sociedade?
_ Pai cansei de ser negro, quero ser branco!
Como você acha que seria a reação dos pais? E por que?
Você que acha que somos todos iguais, por que encararíamos diferente, e por que a liberdade da criança em questão seria diferente?
É bom isso? E possível que essa criança cresça mesmo acreditando que somos todos iguais?
Já que entramos no assunto, alguns dados:
- Charles Drew: criou o método para conservar o sangue humano e criou o 1º banco de sangue.
- Dr. Daniel Hale Williams: realizou a 1ª cirurgia cardíaca.
- Garret A. Morgan: inventou o sinal de trânsito.
- Lydia O. Newman: criou a escova de cabelo.
- John Standard: inventor da geladeira.
- Richard Spikes: inventou o câmbio automático.
Espero comentarios de ustedes!
.Cidão.
quarta-feira, 14 de julho de 2010
autobús, mi infierno en la tierra
E ontem por mais uma vez, eu briguei no ônibus. Não, eu não acho isso bonito, nem sou um adolescente que conta rindo pros amigos que levou advertência. Mas eu realmente me preocupo com minha saúde, com meus nervos (como diria vovó) e com meus dentes.
Mas ó, vou contar. Ontem, voltando do trabalho pra casa entrei num ônibus bem cheio. Bem cheio na frente, pq lá trás tava vazio. Mas é que algum jegue que não anda de ônibus resolveu inventar de colocar uma porta depois da catraca, daí os bonitos ficam tudo parado na merda da porta e não dá pra ninguém passar. Quem pega ônibus sabe da triste realidade da educação brasileira. Ai beleza, entrei no ônibus, toda molhada, puta da vida, cansada e lá fiquei parada esmagada entre o vidro e um senhor. Esse senhor começou a reclamar:
- Que horror esse ônibus lotado, olha, um pisando no outro, ninguém respeita ninguém nessa cidade.
E eu quieta, com meu fone. E o tiozinho continuava:
- Pq é um absurdo eu com essa idade ter que pegar um ônibus assim, olha só, ninguém respeita. Minha filha, vocês deviam ir lá pro fundo!
E olhou pra mim. Daí segue diálogo. Primeiro eu:
- Oi?
- É, vocês deviam passar logo lá pra trás.
- É, a gente ta tentando.
- Pq vocês vão descer por lá, eu vou descer por aqui e tenho que ficar aqui. Mas vocês vão descer por lá, então tem que passar logo pra lá que ta todo mundo esmagado aqui.
- Pois é, eu to tentando ir pra lá, mas ta meio difícil.
- Tentando nada, vocês ficam tudo parado aqui e isso é um desrespeito e eu to todo apertado aqui, tem gente pisando no meu pé e vocês não passam pra lá.
- Mas a gente vai passar, calma.
- Calma nada, olha como ta esse ônibus! Isso é um absurdo, tão me apertando aqui.
- Olha aqui, o senhor acha que eu gosto de estar aqui? Que eu adoro pegar ônibus? Que to achando gostoso estar aqui apertada com o senhor? O senhor acha mesmo que eu gosto? Eu tava trabalhando carai, to cansada, não to aqui por diversão não.
- Ah, vc tava trabalhando? Pois é, eu trabalhei a vida toda, devia ser tratado com mais respeito.
- Ah é? Trabalhou a vida toda? Então pq não esta em casa tomando sopa? Pq não pede pra alguém levantar pro senhor sentar? Que culpa eu tenho que a porra do ônibus ta cheio?
- Eu tenho 70 anos
- E que que eu posso fazer meu senhor, vai, saí da frente.
Daí uma louca desconhecida
- Pq o senhor não vai de táxi?
Daí um louco desconhecido pega no meu ombro, olha nos meus olhos e diz:
- Não adianta ficar brava! Vai ficar discutindo? Ele é um senhor já, e ele ta certo.
Daí eu:
- Oi? Ah é? Agora eu que sou a malvada da história, eu tava quieta e ele vem com esse papo, sabe? Vai todo mundo a merda.
Daí que gente, inacreditavelmente se abriu um espaço pra eu passar, não sei se por causa do vai a merda, por causa da espuma que saia da minha boca, ou pelo constrangimento alheio, só sei que eu passei a catraca, todo mundo me olhando, o velho resmungando baixinho e sei lá como tinha até um lugar pra eu sentar. Sentei e coloquei meu fone de ouvido, como se nada tivesse acontecido. Na hora de descer ainda rolou um:
- Thais? Oi querida, tudo bem? Manda um beijo pra sua mãe.
Só sei que ta chegando a hora de ir embora e to com medo de encontrar o tiozinho no busão.
FIM
Tha!
Mas ó, vou contar. Ontem, voltando do trabalho pra casa entrei num ônibus bem cheio. Bem cheio na frente, pq lá trás tava vazio. Mas é que algum jegue que não anda de ônibus resolveu inventar de colocar uma porta depois da catraca, daí os bonitos ficam tudo parado na merda da porta e não dá pra ninguém passar. Quem pega ônibus sabe da triste realidade da educação brasileira. Ai beleza, entrei no ônibus, toda molhada, puta da vida, cansada e lá fiquei parada esmagada entre o vidro e um senhor. Esse senhor começou a reclamar:
- Que horror esse ônibus lotado, olha, um pisando no outro, ninguém respeita ninguém nessa cidade.
E eu quieta, com meu fone. E o tiozinho continuava:
- Pq é um absurdo eu com essa idade ter que pegar um ônibus assim, olha só, ninguém respeita. Minha filha, vocês deviam ir lá pro fundo!
E olhou pra mim. Daí segue diálogo. Primeiro eu:
- Oi?
- É, vocês deviam passar logo lá pra trás.
- É, a gente ta tentando.
- Pq vocês vão descer por lá, eu vou descer por aqui e tenho que ficar aqui. Mas vocês vão descer por lá, então tem que passar logo pra lá que ta todo mundo esmagado aqui.
- Pois é, eu to tentando ir pra lá, mas ta meio difícil.
- Tentando nada, vocês ficam tudo parado aqui e isso é um desrespeito e eu to todo apertado aqui, tem gente pisando no meu pé e vocês não passam pra lá.
- Mas a gente vai passar, calma.
- Calma nada, olha como ta esse ônibus! Isso é um absurdo, tão me apertando aqui.
- Olha aqui, o senhor acha que eu gosto de estar aqui? Que eu adoro pegar ônibus? Que to achando gostoso estar aqui apertada com o senhor? O senhor acha mesmo que eu gosto? Eu tava trabalhando carai, to cansada, não to aqui por diversão não.
- Ah, vc tava trabalhando? Pois é, eu trabalhei a vida toda, devia ser tratado com mais respeito.
- Ah é? Trabalhou a vida toda? Então pq não esta em casa tomando sopa? Pq não pede pra alguém levantar pro senhor sentar? Que culpa eu tenho que a porra do ônibus ta cheio?
- Eu tenho 70 anos
- E que que eu posso fazer meu senhor, vai, saí da frente.
Daí uma louca desconhecida
- Pq o senhor não vai de táxi?
Daí um louco desconhecido pega no meu ombro, olha nos meus olhos e diz:
- Não adianta ficar brava! Vai ficar discutindo? Ele é um senhor já, e ele ta certo.
Daí eu:
- Oi? Ah é? Agora eu que sou a malvada da história, eu tava quieta e ele vem com esse papo, sabe? Vai todo mundo a merda.
Daí que gente, inacreditavelmente se abriu um espaço pra eu passar, não sei se por causa do vai a merda, por causa da espuma que saia da minha boca, ou pelo constrangimento alheio, só sei que eu passei a catraca, todo mundo me olhando, o velho resmungando baixinho e sei lá como tinha até um lugar pra eu sentar. Sentei e coloquei meu fone de ouvido, como se nada tivesse acontecido. Na hora de descer ainda rolou um:
- Thais? Oi querida, tudo bem? Manda um beijo pra sua mãe.
Só sei que ta chegando a hora de ir embora e to com medo de encontrar o tiozinho no busão.
FIM
Tha!
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