sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Meu pé, meu querido pé!

Esses dias eu cai e machuquei meu pé. Meu pé é a parte que tenho mais sensibilidade do meu corpo, imaginem o drama que eu to fazendo. Se tivesse acontecido a mesma coisa na mão, provavelmente eu nem no médico teria ido, mas o pé, meu querido pé. O médico disse que torci o dedão e o tendão meio que “saiu” do lugar, não lembro a palavra que ele usou. To de curativo, pé meio imobilizado pra não bater e meu dedo voltar ao lugar certo e não ficar torto. Nada grave, mas eu tenho mancado. Manco pra andar pq não dobro o dedão.

4 dias de manca por São Paulo. Não tem sido fácil. Nenhum, eu disse nenhum, filha da puta me ofereceu banco no ônibus, mesmo meu pé com curativos visíveis, eu mancando e a cara de dor, ninguém me deu uma merda de um banco, todas as vezes que sentei em transporte público foi pq o banco vagou mesmo. Os faróis são muito rápidos pra vc atravessar as ruas e os degrus muito altos. Essa foi a pior parte, sem sombra de dúvidas. Teve um dilúvio na quarta e nesse dia eu cheguei em casa e chorei. Ônibus cheio, ônibus quebrado, mais ônibus cheio, andar de pé doendo, chuva, enfim, um dia muito agradável.

Também tem o medo! Entendi completamente meu pai – pausa para a história do pai – Meu pai tem um problema de unha encravada desde sempre, fez diversos tratamentos mas sempre encrava de novo, coitado, daí que ele anda na nóia de alguém pisar no pé dele. E agora eu entendo, é a coisa mais complicada do mundo vc andar em São Paulo, com medo de alguém esbarrar em vc.

Também tem o jeito que as pessoas te olham pq vc manca. Elas não te olham com dó, tipo: ai coitadinha, tão bonitinha e manca! Não! Elas te olham assim: afe meu, pq essa mina ta mancando, parece que a perna vai cair, credo. Sim, sem o menos amor ao próximo. Essa semana percebi como se sentem pessoas com deficiência, o olhar dos que se julgam normaizões é humilhante, constrangedor e ofensivo.

Eu vou ficar boa, semana que vem to no samba, mas e quem passa por isso a vida toda? Quem tem um pézinho doente, um olho, uma mão, é cadeirante? Me senti muito na pele deles (com menos gravidade, óbvio) e percebi o quanto o ser humano é egoísta e preconceituoso. O quanto lutar pelas minorias sempre vai ser importante. E como somos ruins em disfarçar o pensamento.



Tha!

post especial para Caio, o menino da praia!

3 comentários:

.Cidão. disse...

O que será de Caio?
O menino manquinho hiperativo da praia que foi pular e se machucou aos gritos...
Melhoras pra vc Tha, pra Núbia e pro Caio, esteja onde ele estiver!

Unknown disse...

Nossa gente, vou tentar ver o Caio esse fds!!!
Espero que o curativo esteja bom!!!
Amei o texto amiga... melhoras.

Leila disse...

O ser humano é muito mais cruel e impiedoso do que a gente imagina. E não precisa nem ser nessas situações mais extremas e visíveis como vc exemplificou não.