sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Mais uma história no ônibus

Hoje foi bem foda viu. Dia de muito calor e depois chuva e transito. E eu no transporte público. Aquele povo que suou o dia todo, ai tomou chuva pra chegar no ponto, manja? Todo mundo muito cheiroso, inclusive eu.
Ai, eu adoro pegar ônibus, vcs tão ligados né? O busão lotado, aquele cheiro europeu, nenhum filha da puta pra segurar a merda da minha bolsa, um homem de 4 metros, 2 pra cima e 2 pros lados ocupando metade do corredor, adolescentes gritando e escutando funk, uma senhora contando como ela escapou da chuva e eu fazendo meu mantra:
- Casa, to chegando, casa, to chegando, casa, to chegando!
Pra ver se chegava mais rápido. Graças a Nossa Senhora da Tecnologia, meu celular tem rádio né? Botei meu foninho e tentei abstrair o que acontecia em volta.
Tava tão apertado que eu tava grudada no cobrador, quase pisando no pé dele. Daí o cobrador me disse:
- Moça, quer que eu segure suas coisas?
- Brigada.
Taquei minha bolsa no colo dele e sorri. Ele puxou um papo besta, papo de busão né, sobre a chuva, o transito, São Paulo, enfim, como a gente ia ficar horas no transito a conversa foi evoluindo e ele me contou a vida toda dele. Era um rapaz com menos de 20 anos com uma puta história triste, mas muito guerreiro e cheio de aprendizado. Uma cara de cansado já, da vida, de sustentar pessoas, de trabalhar em transporte público, mas um olhar de menino, cheio de esperança.
Um menino que carrega o nome do pai e sustenta a família que esse mesmo pai não consegue sustentar. Um menino que tinha vontade de fazer faculdade, mas ta achando que vai guardar o dinheiro pra irmã mais nova fazer. Um menino que viu o irmão morrer assassinado. Um menino que não tem coragem de se declarar pra vizinha. Um menino que vai no pagode de sábado. Um menino que ta criando o filho do irmão que morreu. Um menino que segura a bolsa de uma desconhecida e conta toda sua vida pra ela.
Voltei pra casa puta da vida, puta de não ter um carro, de não saber dirigir, de morar em São Paulo, mas feliz da vida de conhecer a história de um homem e o olhar de um menino, que me deu esperança!


Tha!

5 comentários:

.Cidão. disse...

Eu acredito que somos anjos pra algumas pessoas em alguns momentos, espero que tenha feito bem pra ele ter conversado com você hoje, acho que você fez bem, e pra gente também ao vc compartilhar!

Luciana disse...

Bom pra ele, bom pra vc...Concordo com o Cidão. Isso acontece direto comigo, e mesmo qnd naum to afim, respiro e encaro, pq sempre tem alguma coisa me dizendo: é melhor cv escutar! Uma beijoca.

Paulo disse...

que foda isso, Tha! acho que nunca aprendi muita coisa no ônibus além de contorcionismo e equilibrismo. se valeu a pena pegar o bus pra ouvir o moço, não sei, mas que ele no mínimo tornou sua ida pra casa num dia que tudo podia dar errado (sim, eu acredito no poder transformado do trânsito paulistano na sua vida) bem mais tranquila, né?

Leila disse...

que coisa não? quem imagina que este tipo de coisa possa acontecer de verdade? achei mtuito legal1 e com certezafoi bom pra todo mundo

Unknown disse...

Demorei mas li! e gostei bastante tha!