Introdução explicativa - Eu trabalho em uma produtora de eventos e uma das coisas que produzimos é uma feira de negócios. Pra entrar nessa feira a pessoa precisa fazer um cadastro. Pronto, todos introduzidos?
Então, e ai que as pessoas fazem cadastro pra entrar na feira e algumas delas esquecem seus documentos lá. Na última feira que fizemos duas pessoas esqueceram seus documentos, coincidentemente as duas se chamavam Renata. Assim que passou a feira e elas não apareceram para buscar, eu peguei o telefone delas no sistema e liguei pras duas:
- Oi Renata, aqui é a Thais da feira X, tudo bem?
- Oi Thais, tudo sim e vc?
- Tudo. Renata, você esqueceu seu RG no balcão de credenciamento da nossa feira.
- Sério? Nossa Thais, que bom que você me ligou. Olha, procurei tanto esse RG, nem pensei que podia estar lá. Nossa, que alívio. Onde vocês estão? Eu vou buscar! Brigada mesmo!
Passei o endereço e ela veio aqui no escritório buscar. Chegou com o filhinho, toda sorridente, me deu beijo, agradeceu, disse que adorou a feira, levou mais um catálogo, mais um brinde e saiu agradecida.
Agora a outra Renata:
- Oi Renata, aqui é a Thais da feira X, tudo bem?
- Tudo.
- Então, é que você esqueceu seu CREA no balcão de credenciamento da nossa feira.
- Bom, como é seu nome mesmo? Thais né? Então Thais, se eu esqueci o CREA lá é pq provavelmente vocês não me devolveram após fazerem meu cadastro.
- Desculpe Dona Renata, mas eu acho pouco provável pq nós geralmente...
- Ok Thais, tanto faz, mas o que vamos fazer então pra eu pegar meu CREA?
- A Senhora pode anotar nosso endereço?
- Eu? Vc quer que eu vá ai Thais? Não senhora, anota vc meu endereço. Como vc vai mandar? De motoboy ou correio? Quer o CEP?
Enfim, foi essa a conversa. Puta chata, fiquei com vontade de mandar ela cagar e resolvi mandar a merda do CREA dela por correio pra demorar bastante.
Escrevi tudo isso só para ilustrar pra vocês o quanto as pessoas podem ser diferentes. O que pra uma pessoa é um problema, uma amolação, um infortúnio, pra outra, a mesma situação pode ser uma solução, uma alívio. Enquanto uma pessoa conseguiu me passar um sentimento de raiva, de mal estar a outra me passou alegria e felicidade. Enquanto pra uma eu fiz coisas com má vontade, pra outra eu ofereci café e abracei o filho.
Não acho que a segunda Renata tinha obrigação de vir aqui no escritório, mas podia ter me tratado melhor, mandaria o motoboy levar na hora o documento dela. Daí vocês me perguntam: Nossa Thais, mas você é o tipo de pessoa que trata os clientes de maneiras diferentes. Sim, eu sou, eu trato as pessoas como elas pedem pra ser tratadas.
E eu não quero ser o tipo de pessoa que traz incomodo, mal estar, ou qualquer sentimento ruim pra alguém. Mas daí vai de como eu vou ver as coisas né?
Talvez se a gente enxergar com mais leveza aquele puta problemão, ele pareça até uma solução.
E você, que Renata vai querer ser?
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