Meu divã

Nesse final de semana assisti pela segunda vez ao filme Divã com a Lilia Cabral.
Sem estragar o filme quero comentar sobre uma sena (pegadinha, fui alfabetizada em esperanto) *cena em que a Lilia descobre que esta sendo traída pelo marido e vai contar para a melhor amiga.
Adoro tudo da cena pq ela conta pra amiga dela no mercado, tipo escolhendo o detergente, estou sendo traída, mas o casamento não acabou, as pessoas não são nossas, elas fazem parte das nossas vidas, e acho cafona desconfiar das pessoas. A amiga dela não consegue entender essa naturalidade e diz que até quando o marido arruma o retrovisor ela pergunta pra quem ele tava olhando.
Uma amiga que assistia o filme comigo disse que essa cena poderia ter sido protagonizada por mim e por uma outra amiga nossa. Eu, no caso, no lugar da Lilia Cabral.
Apesar de ser uma pessoa sensível que chora com propaganda de margarina eu tento ser bem racional nos meus relacionamentos. Digo logo o que penso, o que sinto e o que espero e isso tudo evitando ao máximo entrar em uma DR (discussão de relacionamento, pra você que foi alfabetizado em japonês).
Eu acho que ter ciúme é apontar pra o outro uma nova opção.
- O que vc tava olhando pra aquela loira, gostosa?
- Que loira?
- Como assim que loira? Aquela ali!
- Porra, gostosa mesmo.
Mas é claro que mesmo com um pensamento livre eu erro né?! Fuço orkut, presto atenção em telefonemas, pergunto com quem tava, onde tava, enfim, cago no pau. E o mais interessante de tudo isso é que todos os namorados e ficantes que eu tive na vida (todos) a única coisa que tinham em comum era odiar ciúme, até um que era bem ciumento não suportava quando eu ameaçava ter uma crise. E isso me forçou a ser cada vez desprendida deste sentimento. E eu percebi que isso foi melhor pra mim do que pra eles, pq o ciúme é mais destrutivo e mais doído para quem sente do que para quem provoca.
Na época que eu ainda era uma pré-adolescente existia uma brincadeira que era assim, cada menina tinha um caderno com perguntas que as amigas respondiam e deixavam um recado, e um dia alguém deixou um recado assim pra mim:
“Deixo livre as coisas que amo, se voltarem é pq as conquistei, se não voltarem é pq nunca as tive.”
Naquela época a gente nada sabia da vida e desconfio que a pessoa que escreveu nem entendia a frase direito, colocou só pq achava bonita. Eu nem sei de quem é essa frase que na verdade é bem clichê, só sei que em algum momento isso influenciou na minha vida.
E que cada vez mais pretendo me desligar desse sentimento e espero um dia falar com toda certeza e de coração limpo que acho cafona desconfiar das pessoas.


Tha!