quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Semana HablandoMás 2 Anos! / Frustración


Dá um trabalho se entender e entender pessoas né?
Entender suas aflições, suas manías e limites.
Quando você vê tudo com bondade te fazem de bobo, fato.

Já fui feito de bobo inúmeras vezes, vai ver porque sou realmente bobo.
E quando procura ser sóbrio e analítico fica exigente demais. Aí incomoda alguém que quer entender tudo, por que não fui chamado? Por que não ganhei um desse? Por que não me avisou antes? Por que não ligou?

É melhor ser bobo?
Não sei.
Conhecem o seriado "Todo mundo odeia o Chris?" é minha cara... droga, com um certo esforço consigo rir quando as cenas são com ele.

Percebi que tenho medo de ser o bobo a vida toda, muito medo, talvez isso até me impeça de viver com mais leveza e ingenuidade. Preciso de mais leveza e ingenuidade.
Aí vivo numa paranóia.

É uma merda sentir medos, mas aprendemos que eles são um sinal de perigo, tem mantém longe, onde há fumaça...

Vou relembrar de um texto da Tha que vai fazer 2 anos, e nosso amigo JP disse que nunca se esquece dele. Eu também não me esqueço, porque me vejo nele, até em minhas memórias mais antigas me lembro de ter que lidar com alguma frustração... relembrem também!

.Cidão.

Semana HablandoMás 2 anos!

Segunda-feira, 20 de Agosto de 2007
Encontro

Ele chegou 20 minutos antes do combinado. Sentou naquele banco da praça, do lado direito, de frente para a mangueira. Arrancou uma flor do jardim. Pediu desculpas à plantinha.
Sentia uma gota escorrer por suas costas. Nunca entendeu porque suas mãos tremiam tanto quando estava ansioso.

Levantou. Andou até o meio da praça. Procuro avista-la. Nada.
Voltou para o banco. A bola encostou no seu pé. Devolveu para o menino.
Ficou com medo do cachorro. Grande ele - tomara que ele não venha aqui – pensou.
Ensaiou algumas frases prontas. Se achou idiota. Coçou a cabeça. Pensou em ir embora.
Foi comprar pipoca, mas não quis comer. Era só desculpa para andar um pouco, testar as pernas. Entregou sua pipoca para um menino que brincava com uma pipa amarela. O menino sorriu, um sorriso também amarelo.

Não foi boa idéia ter vindo mais cedo. Quando ela chegasse, já estaria suado.Olhou pela quarta vez seguida no relógio. Ela estava cinco minutos atrasada. Tudo bem, mulheres sempre se atrasam.Pesou que podia pedi-la logo em casamento, assim pulava essa parte do namoro, que às vezes só complica. Mas mudou de idéia. Achou que iria assusta-la.
E se cantasse uma música? Não, muito cafona.
Declamasse um poema? Não, não sabia nenhum de cor.
Mas o que falar?Quinze minutos atrasada.

Por um lado é bom o atrasado, teria mais tempo pra pensar no que falar.
Talvez ser sincero seria uma boa. Contaria logo pra ela que se apaixonou de cara. Pelo olhar, pelo sorriso, pela forma como ela andava.

Trinta minutos atrasada.
Suas mãos suavam, começava a ficar preocupado. Será que acontecera alguma coisa? Será que ela não vem mais?
Resolveu esperar mais um pouco. Tentou se distrair com alguma coisa. Olhou as crianças, os cachorros, os pais, as mães, as aves. Parecia que só ele tinha as pernas bambas. Avistou um casal de namorados. Sentiu-se mais seguro.

Uma hora de atraso.
Ela ia chegar a qualquer momento. Descabelada, ofegante, pedindo desculpas.
Comprou outra pipoca e um guaraná. Dessa vez comeu a pipoca.
Devia ter trazido um livro. Quis ir na banca de jornal, no final da rua, mas ficou com medo de um possível desencontro.
A testa suava. Começou a cantarolar uma música que cantava quando era criança. Uma que sua mãe o ensinou, cantava quando queria espantar o medo.

Nossa. Duas horas atrasada.
Não vem mais. Será que aconteceu alguma coisa? Melhor esperar, só mais um pouquinho.
Será que alguém ali percebeu que ele ficará o tempo todo sozinho? Talvez não, ninguém o notará.
Foi até o menino da pipa amarela e perguntou se ele queria mais pipoca. O menino não respondeu. Achou melhor não insistir.

Estalou os dedos. Rezou uma Ave-Maria. Baixinho, com os olhos bem apertados. Ficou com medo que alguém percebesse. Se ela chegasse, primeiro queria uma desculpa bem convincente. Mas depois logo falaria que teve muito medo que ela não viesse, e que estava muito feliz.
Ficou com ódio de ter comprado uma calça nova e cara. Devia ter vindo com aquela azul mesmo. Veste tão bem.

Abriu a carteira, olhou a foto da avó, com ele ainda bebê no colo. Ela, que sempre sabia de tudo, nunca contou a ele que um dia isso lhe aconteceria. Esfregou os olho. Teve vontade de chorar. Mas não chorou. Levantou do banco. Resolveu ir embora.
Já na rua, deu uma última olhada para o banco da praça. Não, ela não estava.
- Tomara que tenha sido atropelada. Vadia.

Tha!

4 comentários:

coração disse...

que nóia coração...vc ta longe de ser bobo! acho que vc é um cara compreensível e flexível. te traz conflitos, mas pode ter certeza que é uma grande qualidade!
bjao

jp disse...

acho super legal esse texto, fico imaginando a ansiedade da espera de um encontro, ainda mais eu q sou um tanto qto ansioso neh. Acho q vc derevia escrever mais alguns textos desse por aqui!!

J.p. o retorno disse...

não tinha lido o texto do cidão qdo desabafei, achei q fossem separado.

Concordo com o cidão me vejo assim também, acho q até encano mais do q deveria, as vezes me pergunto po ninguém me ligou, depois também taco o fodasse, não sabia desse seu lado não ( como jah disse antes, as vezes me surpeendo ), fico com esse medo de ser feito de bobo, ou de gente atras por interesse saca, mas vou ignorando isso o maximo possivel, não da para ficar encanado o tempo todo, mas com algumas pessoas a orelinha em de ficar de pé!

Leila disse...

hahahahah eu amo esse seriado "todo mundo odeio Chris" acho excelente! Mas sabe que as vezes eu tmb me sinto assim, meio boba?! normal né! Mas eu discordo de vc cidones... nao te acho bobo, te acho super esperto e centrado!
Tha, nao tinha lido este texto antes! Amei! Já passei por uma dessa! Mas nao exatamente na mesma situação... da a maior raiva, seja como for...