La playa

Desde que me conheço por gente minha família tem casa em Mongaguá, mais especificamente em Itaóca, um balneário de lá, que me lembra oca e não sei porque, na infância me remetia família, vai entender. Tenho alguns problemas com algumas palavras que não sei pronunciar direito, por exemplo salsicha, acrobacia e Mongaguá, sempre falo Monguaguá, por isso, melhor a gente falar Itaoca, pra sempre. Fora que Mongaguá significa “água pegajosa” em tupi, óia só.
Voltando, então, dos 0 aos 20 anos eu fui pra lá todas férias e feriados que vivi, quer dizer, até os 15, depois não foram todos, mas quase. Minhas amigas conhecem lá, praticamente só via meus primos lá, fiz muito amigos por lá, tive até aulas de iniciação sexual lá...enfim, uma maravilha.
Depois de muitos dias feios, frios e nublados, hoje fez sol. E fui almoçar com o pessoal da “firma” em um deck. Olha que loucura, almocei num deck, de baixo de sol e ventando pacas (oi? trabalho em Cotia) e lembrei imediatamente de Itaoca. Puta merda, como ventava naquela terra.
Gente, sem brincar, na infância eu voltava vários dias chorando pra casa porque tinha entrado areia no meu olho, na adolescência entrava cabelo na boca enquanto eu beijava o menininho, fora o guarda-sol que voava, a canga que parava na cara da moça que tava do lado, a bola dos meninos que cai na cabeça da minha vó, aquelas coisas de litoral sul sabe, farofa voando pra todo lado, uma loucura.
Daí lembrei que meu primo se divertia muito, porque o pirralho adorava empinar pipa. Achava mó legal. Eu particularmente sempre achei imbecil. Primeiro que dá mó trabalho né?! Tem que fazer a pipa, a rabiola e passar cerol, pra mim a brincadeira acabava ai já, mas beleza. Depois você tem que colocar a pipa no céu, e não é tão fácil quanto parece, sorte que em Itaóca ventava horrores. Depois vc fica lá, balançando sua pipa, balança, balança, balança. Daí vem uma outra pipa, com mais cerol (será que cerol é com s? não né?) e te corta. Daí você saí correndo pela praia, olhando pra cima e pisando nas pessoas, porque nas férias é muito difícil andar pela praia do litoral sul sem pisar em alguém, ainda mais olhando pra cima, vamo combina? Beleza, ai você chega onde caiu a pipa, só que já ta na mão de outro cara, e esse cara, é um negão, de 2 metros de altura, pesando mais que você e toda sua galera junto. Olha que legal. Daí você volta pra casa e começa tudo de novo. Acontecia isso praticamente todos os dias com meu primo. Mas detalhe, meu primo era nerd (era, não é mais, agora ele é forte, alto e gato, juro!). Ele usava óculos fundo de garrafa, era bem magrelo, loiro tom Xuxa, pequeno e andava todo desengonçado. E daí minha gente, ele ia empinar pipa de óculos, porque em Itaóca não dá pra usar lente, lembra que entra areia no olho? Só que por ventar muito nem parece que o sol ta queimando sabe? E daí o povo não passa protetor solar. Conclusão, ele ficava com a marca bonita do óculos as férias todas. E eu dava risada disso todos os anos, sentada na cadeira, tomando frutare de uva e engolindo cabelo.
Me deu uma saudade do caralho daquela farofada toda!

Tha!